Sabe aquele papo de que você precisa sair da zona de conforto pra realmente ver resultados na sua vida? Pois é, senti muito isso aqui em San Diego.
Mas nesse caso não falo tanto de resultados concretos, de ideias que finalmente saíram do papel (ou da gaveta) e foram realizadas (por mais que coincidentemente eu tenha lançado o blog já quando estava aqui).
Eu me refiro a resultados internos. Já pensou nisso? Sair da sua zona de conforto pra se conhecer melhor… se entender, se redescobrir ou o que quer que seja?
Essa foi minha experiência ?
Em dois dias estou voltando para o Brasil e essa semana me veio forte o sentimento de gratidão.
Como esperado, conheci pessoas, lugares, melhorei meus inglês (e ainda estou participando de um evento de empreendedorismo top aqui). Mas se eu tivesse que escolher uma única coisa para ser grata, eu diria:
Obrigada, San Diego… pelas reflexões!
Eu sempre fui uma criança cheia de energia e personalidade. Meus pais já passaram muita vergonha comigo porque eu nunca consegui segurar a língua.
“Filha, você tem que pensar antes de falar”… acho que eu ouvia isso todo dia, mas meu filtro era zero. O que passava pela minha cabeça saia pela boca.
Eu estava sempre correndo, pulando, falando… “você tava sempre suada, não parava quieta um minuto”, é uma das frases que mais escuto quando nos almoços de família chega a hora de falar da infância das crianças (que já cresceram).
Me diz, tem algo mais verdadeiro e libertador do que a infância? Quando somos criança espontaneidade é sinônimo de liberdade, e isso nos deixa num estado permanente de êxtase.
Mas o curioso é que desde a minha adolescência até hoje o discurso mudou um pouco. E consequentemente mudou também a própria construção que eu tinha de mim mesma.
Toda aquela energia e liberdade foram praticamente pro espaço. Quando me dei conta o que eu mais ouvia eram coisas do tipo “que menina responsável e disciplinada”, “cadê o senso de humor?”, “você às vezes é tão séria”.
E quando eu finalmente tomei consciência disso, já tinha internalizado muitas dessas características.
Independente de quem eu era, estava me fazendo a pessoa que escutava dos outros que eu era, que o mundo dizia pra eu ser… e por aí vai.
E isso acontece com a gente o tempo todo. A todo momento alguém está nos dizendo “você é” assim ou assado.
Já tomou consciência disso acontecendo na sua vida em algum momento?
Eu já, algumas. Mas durante esse mês aqui em San Diego isso foi mais forte.
Wow. E como é gostoso e poderoso estar sozinho de tempos em tempos. Só você com você mesmo, num lugar estranho, em que ninguém te conhece e só você pode decidir quem você quer ser e como as coisas vão ser.
O mais comum é entrarmos na loucura do dia a dia, neste processo de internalização do exterior, e nos esquecermos de nós mesmo.
Mas quando você sai do seu habitat natural (e consequentemente da sua zona de conforto), você é forçado a repensar tudo isso.
Isso foi poderoso pra mim.
“Quem eu sou? Cadê a Marina que eu realmente gosto de ser? Que me faz sentir livre?”
As pessoas costumam dizer que é uma delícia viajar, mas melhor ainda voltar pra casa. Você também já deve ter ouvido ou falado isso algumas muitas vezes. Mas eu só diria que é bom quando você volta diferente. Quando você consegue extrair no novo algo que te faz melhor, ou simplesmente te faz você.
Pra mim, essa é a arte do autoconhecimento. E eu diria que o caminho pra isso são os desafios, você estar constante saindo da zona de conforto, fugindo do seu habitat natural.
Estive mais reflexiva esses dias e quis compartilhar isso pra quem sabe incentivar você a ousar mais. Sair do mesmo, porque o novo é muito excitante. E principalmente, é enriquecedor.
Conheci pessoas incríveis durante este mês. Mas acima de tudo, me conheci.
Eu descobri que eu sou uma pessoa bem mais calma do que sou no dia a dia (acho que agora vai ser mais fácil trabalhar aquela dificuldade de “levar tudo a ferro e fogo”). Que eu sei viver de forma mais leve e que isso me faz bem!
Que aquele papo de “você é séria” não tem nada a ver, porque o que eu gosto mesmo é de SORRIR para as pessoas e ser agradável.
Sim. Muito melhor do que reclamar é poder sorrir pras pessoas pessoas e dizer, “ok, por mim está ótimo”, “claro”, “Se precisar de qualquer coisa é só me avisar”.
Mesmo sendo bem pé no chão, durante esse mês eu senti muito a magia que é dizer mais “sim” e menos “não” e “mas”.
E tão mágico quanto perceber as suas atitudes, é ver não o que as pessoas sentem por você, mas o que você é capaz de fazer elas sentirem. Percebe a diferença?
Não tem preço, depois de quase um mês morando na casa de um casal em que aluguei um quarto, ouvir na minha host (que tem mais que o dobro da minha idade, é casada e muito bem resolvida): “nem sei o que vou fazer quando você for embora”.
Meu coração disparou quando ouvi isso. Mais reflexões vieram…
Por que a gente acaba tornando a vida tão dura quando ela pode ser tão leve? Por que a gente chateia tanto as pessoas (e se chateia com elas) quando podemos só dar e receber coisas boas?
Pra mim, o ponto não é o que esse casal de senhores sentem por mim hoje, mas o que eu fui capaz de despertar neles, no dia a dia e no coração deles.
E eu escrevi esse post porque isso só foi possível por um motivo: Eu me abri pro desafio e saí do meu habitat natural.
E não pense que eu acho que eu fui top de fazer isso. Muitas pessoas fazem, e muitas delas fazem ainda coisas bem mais difíceis e desafiadoras.
Eu só estou compartilhando minha experiência porque isso realmente me marcou. Pode parecer banal ou simples demais para alguns, mas eu sei que tem gente que vai captar a mensagem.
Eu me considero uma pessoa que já vive um pouco fora do padrão, e por isso já poderia estar muito mais avançada nessa questão de ter mais consciência de mim mesma. De que quem eu sou ou quero ser é MUITO diferente de quem as pessoas pensam que eu sou ou querem que eu seja.
E como isso serve 100% pra você também, cá estou escrevendo esse texto.
A mensagem que eu quero deixar?
Por mais evoluído e estudioso que você seja, o mundo sempre toma um pedacinho de nós sem a gente nem perceber.
E pra driblar isso, precisamos estar o tempo todo nos redescobrindo. Como? Pela minha experiência é assim… saindo do seu habitat natural, se desafiando, se expondo pro novo.
Priorize e valorize todo tempo que você puder ter com você mesmo. Busque as oportunidades em que você pode ser 100% você, nelas você se fortalece…. Ou as em que você nem sabe como ser, porque nelas você se (re)descobre.
Enfim, vai pro mundo. Vive. Se joga.
A minha experiência tem sido essa e é isso que posso dividir com você: Quanto mais eu me jogo, mais eu me encontro. Quanto mais eu mudo, mais eu me entendo.
Então, te desejo isso também… muito desafio, muita mudança e MUITA descoberta.
“Algum dia, em qualquer parte, em qualquer lugar, indefectivelmente, encontrar-te-ás a ti mesmo e essa, só essa, pode ser a mais feliz ou a mais amarga das tuas horas.” – Pablo Neruda
E se você está vivendo essa experiência, se colocando fora do seu habitat natural pra descobrir algo novo, ou simplesmente pensando em fazer isso, eu adoraria saber.
Me conta nos comentários quais são seus próximos desafios, como você pretende se jogar no mundo 🙂